Os produtos são os mais variados. Desde a erva-mate para o chimarrão, até outras bebidas como chá-mate, tererê, cervejas, cachaças e licores. Mas tem também chocolates, sorvetes, sucos, farinhas e produtos de higiene como shampoos, sabonetes e hidratantes. No site do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate) dá para se ter uma ideia da diversidade do que é feito com a ilex paraguariensis aqui no Rio Grande do Sul.
Cerveja
Muitas cervejas, artesanais ou não, já tem na sua composição a erva-mate. Uma delas vem do município de Machadinho e é produzida pela Thänn Bier. A cerveja Erva Mate é do estilo Spiced Beer, e tem como características a leveza e o frescor de uma lager, aliado ao sabor da erva-mate.
De acordo com o proprietário Diogo Hendges, a cerveja é produzida com ingredientes frescos e locais, em parceria com a Ervateira Cambona, e apresenta uma coloração sutilmente esverdeada, leve turbidez, aroma e sabor equilibrados. “Para chegar ao produto e ao paladar desejados, foram inúmeros testes, que levaram cerca de um ano”, destaca. A produção é feita por encomenda para um resort da região.
Além da cerveja, a indústria produz também um chá fermentado, chamado de Kombucha, com Erva-Mate Tostada (Chá Mate) e limão.
Chocolate com erva-mate
Outro produto bem diferenciado é o chocolate branco com erva-mate, produzido por uma empresa às margens do Guaíba, em Porto Alegre. A Magian Cacao começou sua produção, de forma artesanal, em 2015. “Nós começamos devagar, produzindo as primeiras barras aqui no forno de casa, vendendo aos poucos, aí fizemos o site, começamos a ter pontos de revenda e assim fomos ampliando e diversificando a produção”, conta o chocolatemaker André Passow. O cacau utilizado nos chocolates vem de agricultores familiares do Pará e da Bahia, utilizando um conceito conhecido como “bean to bar”, do grão à barra, que valoriza a origem da matéria-prima, de onde vem e por quem é produzida.
O carro-chefe são as barrinhas de 70 gramas, principalmente do chocolate ao leite, mas André conta que o chocolate de erva-mate tem um público diferenciado e é bastante comercializado durante os festejos farroupilhas. Além da venda no balcão e pelo site, a chocolataria também recebe encomendas de chefs de diversos restaurantes. A erva-mate utilizada é orgânica e vem do município de Arvorezinha.
Cosméticos
Já os cosméticos produzidos com erva-mate são encontrados em diferentes locais do estado, como Arvorezinha, Gramado e Passo Fundo.
A empresa Seivailex existe desde 2001, foi fundada em Ijuí e depois passou a produzir em Passo Fundo a partir de 2010. “Nós avançamos nas pesquisas de aplicabilidades cosméticas devido a confirmações científicas do alto potencial benéfico que os fitoativos presentes no extrato da erva-mate apresenta para os cuidados com a pele e cabelos”, destaca a administradora de empresas e proprietária Juliana Ferraz.
Segundo ela, o extrato da planta tem elevado poder antioxidante e regenerativo, somado aos inúmeros bioativos como as saponinas, xantinas e flavonóides, além de ricos minerais e vitaminas do complexo B. “Nós usamos o extrato puro, extraído diretamente das folhas por diversos processos e adicionamos aos produtos conforme a função desejada. E o aroma exclusivo, de toque herbal que nos remete aos ervais, também foi desenvolvido através das folhas e galhos da planta”, revela. São mais de 55 fórmulas cosméticas, além de perfumes e aromatizantes. E para 2025, a empresa prepara seu retorno ao mercado de e-commerce.
Spa de erva-mate
E nas Thermas de Machadinho, funciona desde 2018 o Spa Ilex, que segundo a empresa é o único spa do mundo a utilizar produtos e cosméticos à base de erva-mate.
De acordo com o setor de comunicação, “o spa foi idealizado para reforçar a paixão gaúcha pela erva-mate e mostrar que ela vai muito além de um bom mate chimarrão, que existe um mundo de possibilidade e através disso estamos sempre querendo mostrar os benefícios que os ervais trazem para a nossa vida”.
“Estes produtos vêm ganhando destaque, mas ainda são uma pequena parcela da produção, já que quase tudo o que é produzido no Rio Grande do Sul, cerca de 320 mil toneladas de folha, vai para o chimarrão, o tererê e o chá-mate, explica Ilvandro Barreto, engenheiro agrônomo da Emater-RS/Ascar e coordenador da Câmara Setorial da Erva-Mate, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Segundo ele, estes produtos diferenciados não usam a erva em larga escala, mas sim o extrato, principalmente no caso dos cosméticos.
O Rio Grande do Sul tem sete mil produtores de erva-mate, distribuídos em 185 municípios e seis polos ervateiros, segundo a Radiografia da Pecuária Gaúcha 2023. Os maiores produtores são Ilópolis, Arvorezinha e Anta Gorda.