No mês de março, a representante do comitê científico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Norma Ruz Varas, conheceu os sistemas tradicionais e agroecológicos de Erva-mate. A comitiva esteve em propriedades nos municípios de Rebouças, Inácio Martins, Irati, São João do Triunfo e São Mateus do Sul onde teve contato com lideranças comunitárias e entidades locais.
É a última etapa de avaliação da FAO para reconhecer a produção de Erva-mate sombreada como um Sistema Importante do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM). A mobilização para essa candidatura é liderada pelo Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos de Erva-mate, lançado em 2019. Para além de um título simbólico representa um importante mecanismo de valorização de sistemas agrícolas que integram o uso sustentável dos recursos naturais e práticas tradicionais de manejo.
O observatório reúne mais de 30 instituições, incluindo sindicatos de trabalhadores rurais, prefeituras, centros de pesquisa, universidades e organizações do Terceiro Setor – sendo coordenada pelo CEDErva (Centro de Desenvolvimento e Educação dos Sistemas Tradicionais de Erva-mate). Fazendo essa ponte entre os produtores dos sistemas tradicionais, ainda existentes, e a FAO.
"A FAO, ao conceder essa qualificação, fomenta a preservação das culturas tradicionais, incentiva o desenvolvimento da agroecologia e melhora a qualidade de vida das famílias agricultoras, fortalecendo a identidade cultural e a agrobiodiversidade", cita a CEDErva. Norma Ruz Varas e comitiva conheceram, em Rebouças, o processo de organização e comércio de produtos da agricultura familiar.
Em Inácio Martins foram acolhidos pela Terra Indígena Rio D' Areia com roda de chimarrão e apresentação cultural. Depois, conheceram o Assentamento Fazenda Velha e as atividade agroecológicas ligadas à Erva-mate e demais produtos da Floresta com Araucária. No terceiro dia da visita, a comitiva esteve na Estação Florestal do do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR–IAPAR-EMATER) onde conheceu a restauração produtiva, que integram técnicas sustentáveis de cultivo em áreas de preservação.
Depois, o grupo foi até o Faxinal do Emboque, em São Mateus do Sul. Ali, a família Wenglarek demonstrou o "processo artesanal de colheita e sapeco — que inclui passar os galhos de erva-mate na fogueira, separá-los em feixes e levá-los ao cancheador rústico da propriedade —, mas também relatou o processo histórico de constituição do Faxinal", conforme relatou o CEDErva.
Ainda, a comitiva visitou a Ervateira 5 Estrelas, em São João do Triunfo, "uma empresa familiar que incorpora a tradição da produção de erva-mate há gerações. Durante o passeio pela propriedade, o proprietário, senhor João Negir, conduziu os visitantes por uma floresta repleta de histórias e biodiversidade". Seguido de uma reunião para reflexão e diálogo sobre "o papel central da erva-mate na cultura, na sociabilidade e na economia da região."
Com informações e imagens da CEDErva.